Em 2003, tive uma fase totalmente anti-balada. Achava o cúmulo do absurdo viver em função da próxima baladinha, como a maior parte das pessoas que estudavam comigo. Me achava um puta revolucionário por pensar assim. Hoje vejo que eu não passava de um idiota. De qualquer forma, estava limpando o computador e achei um texto que escrevi na época, que retratava como eram os papos na faculdade, batizado de “Garoto PUC”.
-Tudo bom?
-Cara, que calor...
-Hoje não tá dando...
-Você viu a greve dos professores? Saiu porrada na minha classe entre os alunos e eles... Deve ter muita porcaria nessa PUC, né?
-É...
-Hmmmm... Você viu o atentado hoje no Iraque? Vários mortos! Os caras tão perdendo essa guerra, hein?
-É, o negócio tá casca por lá...
-Aham...
[Assobios e alguns minutos de silêncio]
-[Desinteressado] Não, parece ser legal...
É, não ta dando. Com o que um cara desses se identifica? Rapidamente comecei a pensar em algum nome de balada. Só misturar alguma palavra sem sentido com outra pior para tornar o negócio todo ininteligível de vez. Mandei:
-E aí, você vai na festinha da Plotus nesse fim?
Seus olhos brilharam. Havia uma Plotus.
-Cara, fui até o ponto-de-venda que fica um pouco depois da puta que pariu e já to com o convite!
Era uma segunda-feira.
-Sério?
-Brother, na FuckingEight do ano retrasado um camarada meu beijou a menina que tinha beijado o Bala, mas ele queria mesmo era beijar aquela mina que não quis beijar o Marrano naquela festa em Itu. Você não tem uma noção...
-Meu, se eu não beijar a prima daquela mina que o Goiaba disse que pegou na festa da Treplin eu me mato. Sério...
A música de seu celular agradavelmente o interrompeu. Era o Miado, querendo saber se ele ia na festinha da Gazrot, mês que vem.
-Lógico! Open bar?
Fingi uma olhada no relógio, me despedi e fui embora.
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